Artigo

A História Contada num Capítulo - Parte III

Voltou a pegar no telemóvel e nas suas chaves que estavam no bolso. Ele andava sempre com as chaves na mão, precisava delas para buscar o carro no final do dia e para abrir a porta da casa.

As chaves servem para abrir sempre algo que só quem as tem sabe o quê, esse é o segredo da existência das chaves desde o primeiro dia em que foram inventadas.

No entanto o telemóvel parecia ser aquilo que o deixava mais nervoso, acho que nunca vi ninguém tão aflito a olhar para um telemóvel.

Parece estar a clicar no ecrã, não percebo muito de tecnologia, mas disseram-me que decerto estaria a mandar uma mensagem. A quem será? Talvez eu saiba, toda a gente que ali passou já notou que algo se passava com aquele rapaz.

Estavam duas raparigas no banco da frente, não paravam de olhar para ele, mas ele quase nem se apercebeu da sua existência. No entanto ficou ainda mais nervoso.

Pensou que tinha o cabelo despenteado ou algo que poderia não obedecer ao que idealizou no dia anterior. A roupa que iria usar, o perfume especial que nunca tinha usado, as sapatilhas novas, o penteado perfeito para a ocasião foi tudo escolhido com critério, com determinação, de quem sonhava em algo. Voltei a conhecer uma coisa, aquelas sapatilhas, acho que tenho umas agora calçadas que são mesmo iguais. Ele tem bons gostos.

Nesta altura ele já estava a desejar que tudo corresse bem sem saber que alguém desejava que o mesmo acontecesse. O banco já sabia o que iria acontecer porque viu a mensagem que recebeu no momento anterior. Uma mensagem normal, decerto já viu tantas histórias como esta que conto, em tantos anos da sua existência, em tantos Invernos e Verões que já passaram naquele coberto. Mas de certeza sentiu-se orgulhoso em poder estar ali, no momento em que algo especial iria acontecer na vida daquele rapaz.

O Sol apareceu ainda mais alto. Já não tinha maneira de dar mais luz àquele dia diferente.

De repente tudo aconteceu.

11 JAN, 2017 0

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